quarta-feira, julho 21, 2010

Herberto Helder (sem acento):

Amor,
o fogo que arde sem se ver
é na realidade
uma doença sexualmente transmissível
e é fodido


terça-feira, julho 20, 2010

fujo
mas não me perco
no amor que confronto
damasco,
meu coração
velha cidade onde te encontro
aí bem perto
longe do tempo
em que fujo
e me esqueço que fujo

nós intemporais
quadros que labirintam
olhares que se cruzam
sorrisos que se pintam
o meu
o teu
e o amor
com que nos devíamos salgar

sexta-feira, julho 16, 2010

Eu sou todas as pessoas do mundo
excepto tu
e sou todos os tristes fados
menos um
o meu.
esse
que ninguém canta

a nossa vida

fica cheia de caruncho

quando a seiva do amor

não flui

nos nossos planos

que estalam como madeira seca

quando não os regamos

com sopros de loucura

para que assistamos

ao nosso castelo

minado de aborrecimento

que seco rui

todo

e sem qualquer verniz


o que nos tolda a hesitação

é a sombra de um medo

de que nada perdura

assente no alicerce

eu, tu

sabedoria, loucura


terça-feira, julho 13, 2010
















vamos depressa
foge comigo
para fora daqui
desta hipertrofia
que esmaga
o nosso singular
e
amemo-nos no lugar
que traga
a grande sintonia
que aí
contigo
lentamente encontro

domingo, julho 11, 2010

sentado
com todos os meus dedos enterrados na areia
olho para o mar
inspiro o infinito
parto
à procura de tudo na mesma
para esse lugar
sempre igual
onde tu esperas
indiferentemente
desigual

*suspiro*

sábado, julho 10, 2010

Sou constituído
por 75% de água,
200% de sonhos
e o resto
é mar,
pó da terra,
e um monstro que aí morre afogado

quarta-feira, julho 07, 2010

transmite o teu olhar
o som
dessa brisa que passa
cujo frio clama pelo abrigo de um beijo
e olhamos
Há uma certa latência na nossa comunicação
e beijamo-nos
longe do ruído que nos entope os sentidos
pois aí
longe,
todas as tuas qualidades
despertam em mim
o homem que sou
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