sábado, março 01, 2008

O transeunte que passa
não sabes quem ele é
és tu
sou eu
é gente conhecida até

O transeunte que passa
tantas voltas já deu
nos sonhos que pisa
as velhas feridas que sofreu

Mora escondido no anonimato
e ainda que alguém lhe ache graça
parte em nuvens de mistério
Oh como é belo
O transeunte que passa



quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Solta, leve, gritante
É a semiótica de meu coração
que reclama sem fim
os retratos da recordação
que despertam em mim
o mais longo suspiro
do mais longo desejo
do mais longo abrigo
no mais longo beijo
molhado de caricias
nesse transbordar que tanto aquece
onde em tantas delícias
até das horas o tempo se esquece


segunda-feira, fevereiro 25, 2008

sobem como algodão
pela pele-de-galinha
arrepiada
os suspiros desta saudade
cândida
e vermelha de paixão
sôfrega das asas
que fazem voar pela manhã
tantas velhas lágrimas
para perto de teu coração



terça-feira, janeiro 22, 2008

Aos poetas:


















100 anos a construir o nosso futuro
e depois nada, e nada muda
pessoa, gedeão, torga, andrade...
palavras emparedadas, o velho muro
coagidas e limitadas
às teias delineadas
nessa grande exploração
de seu perfeito sentido
nos fios da imaginação

cingimo-nos das amarras
com que prendemos as palavras
ao percorrer com originalidade
sempre os velhos trâmites
da insaciável criatividade
que nesta grande infusão
prendendo tantas palavras
nos vai dizendo que nos ama
e lentamente consumindo
a nossa luz,
a nossa chama


sábado, janeiro 05, 2008

Sente-se na

liberdade
um certo travo amargo
de despedida,
pois onde haviam amarras
agora há

liberdade
uma certa humildade
da leveza,
pois onde o fardo pesava
agora há

liberdade
uma certa frescura
de novidade,
pois em tudo velho
agora há

liberdade
um certo suspiro
de descanso,
pois onde havia tensão
agora há

liberdade
uma certa culpa
do adiar
pois onde era inevitável
agora há

liberdade
um certo esguio
de todos os gritos alguma vez libertados
pois onde
agora há

liberdade
muita coisa
ainda por libertar