quarta-feira, setembro 21, 2011

sou um adulto
ando sozinho nas ruas
tambem tenho um carro
trabalho
compro o que quero com o meu dinheiro
tenho uma casa
faço a minha comida
e como o que quero
tenho roupas fixes
falo de coisas importantes com amigos
e faço aquela cara compreensiva de quem tem em si todo o potencial para mudar o mundo

sou um adulto
e aprendi que nesta vida
o importante é estar agradecido
obrigado

terça-feira, julho 26, 2011

O jovem poeta vai
abre os seus ouvidos,
atento
ao som entre as palavras
nos becos do pensamento
Luta, compra,
pré-frabrica
processa
altera os seus olhos
até já não serem verdes
aspira ao infinito
até o som do seu poema
ser transgénico

segunda-feira, julho 25, 2011

Há um lugar no choro
onde o riso
se perde no riso
há um lugar
onde o choro se perde é na loucura
que o riso e o choro se confundem

sábado, julho 23, 2011

torto
ainda sufocado
arfando agarrado
ao pó agregado
que deixa a sua marca
nas veias do pescoço
maltratado
por onde flui a criatividade
bocado
a bocado
visão de terra
e seus mistérios
à qual nos agarrámos
qual barco naufragado
sente agora pois
o cordão umbilical
seu duro apertar
que turva as ideias
e não deixa criar
pois no seu espaço
ouvem-se apenas os duros cascos
raciocínio
paços
a rodopiar

ó homem do futuro
subnutrido
do fruto
da terra
da dádiva divina
grão-poesia
Pára!
escuta as palavras
sente o seu pulsar
telurico

no cando

quinta-feira, julho 21, 2011

o som do progresso
vibra como um trompete
suave quase
exausto
dança no baloiço
ritmado do tempo
da morte do homem-máquina
homem-sorriso pelo seu fim
que se ri no crescendo
prol tecnologia prol natureza
o seu grito entra nos timpanos
a criatividade acelera
morre! morre!
e a seu tempo és tu
a sua bala imparável
que te fura os miolos
e pinta esta parede
poesia

quinta-feira, julho 14, 2011

eu sei lá
é uma nota solta de uma guitarra
um bordão que soa
e a vida que canta
as vezes que nos esquecemos
de sermos mais crianças

segunda-feira, maio 16, 2011

quis eu dizer:
vivemos paralisia
tanta escolha pra fazer
neste corpo incendiado
de músculo e húmus
da terra
que Chorou e Sorriu
largou uma lágrima
e uma gargalhada
que em nós espargiu
este sopro
que agora bate
e pouco quer saber
da terra

Já te sentaste ao largo da linha de comboio à espera que este passe ?
nessa espera já sentiste o sol a queimar a pele que de tanto te protege ?
nesse instante sentiste o tempo a parar ?
senta-te, sente-te, e colhe o sopro que passa
à medida que passa
o comboio na linha
põe-te de pé
sacode o pó
enquanto podes
deixa de mentir
anda, ama
-te
pouca-terra
pouca-terra
pouca-terra

terça-feira, maio 03, 2011

Não é fácil ser produtor de vinho
e cheirar o mosto pela manhã
para ter de o beber
matinalmente
vagando pipas húmidas
de sumo pisado
para dentro deste odre
um dia mais velho
até um dia
finalmente

sábado, janeiro 08, 2011

Soube que disseste
que gostavas de caminhos
e que caminhavas queimando
fogos de outrora
a arte da luz,
fotografia,
a luz
de agora
e um amor
que sinto no teu olhar:
esse brilho que queima
neste coração
que palpita em dois dígitos
entre tantos caminhos
até ti, o labirinto
que percorro caminhando
e amando
ferozmente
tu
joana
fotógrafa