sábado, dezembro 20, 2014

Nada

Não há aqui nada para ver
mais vale ires à tua vida
dedicar-te aos teus afazeres
porque aqui não há nada

o que aqui houve
já foi visto por olhos tristes
habituados às dimensões infinitas do dia-a-dia
mas agora não há nada
absolutamente nada
daqui até ao infinito
infinitamente nada

por isso vai-te embora
e esquece o dia em que aqui houve algo
o dia em que me pus na natureza
a ouvir a terra
à escuta
do seu riso e cântico
    do seu vibrar dentro de mim
aí, quando me lembrou
que nem tempo sou
apenas e só

apenas isso
nada

quinta-feira, novembro 13, 2014

Tudo ou nada

Hoje cheira-me a tudo,
mas sabe-me a nada.
Quantos tudos há em nada
Quando nado em tudo ?

quarta-feira, março 26, 2014

Escrevo

Escrevo porque Inferno
porque posso ou não
e o quê
sei lá
se me doi
e então
e a sorte dos dias difíceis
e o fluxo da labareda
que me consome por dentro
o vinho tinto numa garrafa
o meu iate no mosto
e o frágil fogo sempre aceso
que não se corta
mas se abafa