quinta-feira, novembro 26, 2015

estacionamos num mês frio
a nossa carne de Verão
na margem lada do Tejo

(estávamos aproximadamente sós no plano geral das coisas que não se vêm)

embalados pelo fogo
pairamos na superfície das águas
e deixamo-nos levar pela sua frescura

(naquele tempo não podiamos saber de onde nos vinha a inspiração)

em gestos serenos
buscámos sem rumo
o som da palavra desconhecida

(amor)

terça-feira, novembro 24, 2015

antigos portos à superfície
os acordos comerciais
e as subtis trocas
mas por baixo dos barcos em dança
as coisas grandes e belas que desconhecemos
e a frescura desejada
no nosso peso sobre a terra
quando percebemos
que o Tejo vai até onde o quisermos ver

sexta-feira, novembro 20, 2015

automatizamos a chatice
é importante que seja fácil
fizemo-la neta da luz
é importante que seja rápida
ensinamo-la a escalar
é importante que seja grande
e a contar os passos do tempo
é importante que seja urgente;
connosco aprendeu a esquecer
é importante que seja catástofre

ainda me lembro de quando tudo era mais leve
do tempo em que os dias não eram trazidos pela chatice
e o meu despertar não acontecia com a força do seu peso
agora vou a correr para o trabalho
comunicar de forma intuitiva
sem deixar ninguém à espera
algo que funcione para toda a gente
e que já devia estar acabado;

com a chatice fui deixando de mergulhar
no rio que ainda passa

quinta-feira, novembro 19, 2015

de muito longe conhece o Tejo
as cidades por onde passa

não como uma lembrança
das que têm quem nelas habita
a extrema solidão do vento
que sopra a passagem dos dias

mas com a precisão
de quem as fez nascer
para serem maiores do que nós
na sua história de amor

de muito longe vem o rio
que agora aqui desagua

terça-feira, novembro 17, 2015