quarta-feira, janeiro 03, 2018




O meu tempo jaz comprido
longo de natureza torta
Nas zonas distantes
que a memória já não recorda
Despejei o meu ser
e vivi despreocupado

Foto de Joana Bourgard

quinta-feira, março 17, 2016

Subiu ao cimo de uma árvore
um gato
um bombeiro
uma criança de 8 anos a escalar o evereste
um carreiro de formigas
a memória do meu avô para lá de cima fazer o pino
e a última seiva
em nome do progresso
zás

sábado, dezembro 12, 2015

Sou daqui
quero ser daqui
aqui falam a minha língua
e a minha língua é tudo o que sou
não sei onde estou

quinta-feira, dezembro 10, 2015

No Tejo aprendi a nadar
a sua corrente multiplica-me o espaço
e deixa que aprecie a viagem
distanciando as coisas
para a mesma medida de cansaço

No Tejo aprendi a mergulhar
a sua profundidade amplia-me a dimensão
e deixa que aprecie o que é dado
na apneia já sem ar
para o aumento da pressão

No Tejo aprendi a flutuar
a sua densidade garante-me o sustento
e deixa que aprecie o céu
com a incerteza de um rumo
para um corpo sem alento

quinta-feira, novembro 26, 2015

estacionamos num mês frio
a nossa carne de Verão
na margem lada do Tejo

(estávamos aproximadamente sós no plano geral das coisas que não se vêm)

embalados pelo fogo
pairamos na superfície das águas
e deixamo-nos levar pela sua frescura

(naquele tempo não podiamos saber de onde nos vinha a inspiração)

em gestos serenos
buscámos sem rumo
o som da palavra desconhecida

(amor)

terça-feira, novembro 24, 2015

antigos portos à superfície
os acordos comerciais
e as subtis trocas
mas por baixo dos barcos em dança
as coisas grandes e belas que desconhecemos
e a frescura desejada
no nosso peso sobre a terra
quando percebemos
que o Tejo vai até onde o quisermos ver

sexta-feira, novembro 20, 2015

automatizamos a chatice
é importante que seja fácil
fizemo-la neta da luz
é importante que seja rápida
ensinamo-la a escalar
é importante que seja grande
e a contar os passos do tempo
é importante que seja urgente;
connosco aprendeu a esquecer
é importante que seja catástofre

ainda me lembro de quando tudo era mais leve
do tempo em que os dias não eram trazidos pela chatice
e o meu despertar não acontecia com a força do seu peso
agora vou a correr para o trabalho
comunicar de forma intuitiva
sem deixar ninguém à espera
algo que funcione para toda a gente
e que já devia estar acabado;

com a chatice fui deixando de mergulhar
no rio que ainda passa

quinta-feira, novembro 19, 2015

de muito longe conhece o Tejo
as cidades por onde passa

não como uma lembrança
das que têm quem nelas habita
a extrema solidão do vento
que sopra a passagem dos dias

mas com a precisão
de quem as fez nascer
para serem maiores do que nós
na sua história de amor

de muito longe vem o rio
que agora aqui desagua

terça-feira, novembro 17, 2015

A melhor parte de Lisboa
é descer
e encontrar o Tejo à espera
para nos saudar

sábado, outubro 24, 2015

Sol e chuva de primavera
Um verão inteiro
E o Tejo perto a estuar

Já não tenho momentos
mas uma vida separada por folhas de Outono
que sonham ser o húmus da terra
depois do Inverno


terça-feira, agosto 18, 2015

Soprou-me Agosto
na face do Tejo
e fui quem desejava ter sido
esse ser fresco e pueril
que deixa as intenções para os barcos
e os objectivos para os grandes cargueiros
de contentores
soprou-me essa brisa calma de uma vela
foi ela quem me fez
a aragem mãe
de todas as manhãs
agora abro as janelas da minha casa
vou até à varanda do meu escritório
e anseio que a minha habitação
seja o estuário da sua sabedoria


quinta-feira, julho 30, 2015

Vi o Tejo ao fundo

com a sua calma milenar
e seu silêncio mineral

preferiu continuar a passar
enquanto de longe o olhava

esse momento guardou perto
na pedra da sua saudade

sexta-feira, julho 03, 2015

Na velha cantiga de saber amar

a vida
é a chuva dos dias trazida pelo calor dos anos
lágrimas que regam o coração seco pela idade
um ligeiro esgar no sopro da imensa sabedoria
oculto no tempo pelas nuvens do imediato

(já estou atrasado para o trabalho)

quinta-feira, abril 30, 2015

entre (tanto)

três crianças sentadas nas escadas de uma rua familiar
gritam o teu nome
chamam por ti
querem-te dizer coisas importantes que não sabes
coisas das quais a tua vida depende por mistérios subtis
não as ignores só porque é noite
e o sol volta a nascer amanhã
como sempre nasceu
para todas as grandes e maravilhosas espécies
já extintas

segunda-feira, abril 06, 2015

Versículo do Livro

Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais; a mesma coisa lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego; e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade. 

Eclesiastes 3:19

quinta-feira, março 26, 2015

entre tanto

vida vida vida vida vida vida vida vida vida sucesso vida vida vida sucesso vida vida vida vida vida posteridade vida vida sucesso vida vida vida vida vida vida vida vida legado vida sucesso sucesso vida vida vida vida vida vida vida vida vida vida vida vida vida vida sucesso vida vida vida

morte

terça-feira, março 24, 2015

que todo o tempo passe num instante
num só momento comprimido
a rapidez de todas as coisas
explicada pelo efémero mas real
ultimo grão de luz
onde até a morte morre
e é a vida
porque afinal tudo é outra coisa
uma só coisa
só uma
coisa

sábado, dezembro 20, 2014

Nada

Não há aqui nada para ver
mais vale ires à tua vida
dedicar-te aos teus afazeres
porque aqui não há nada

o que aqui houve
já foi visto por olhos tristes
habituados às dimensões infinitas do dia-a-dia
mas agora não há nada
absolutamente nada
daqui até ao infinito
infinitamente nada

por isso vai-te embora
e esquece o dia em que aqui houve algo
o dia em que me pus na natureza
a ouvir a terra
à escuta
do seu riso e cântico
    do seu vibrar dentro de mim
aí, quando me lembrou
que nem tempo sou
apenas e só

apenas isso
nada

quinta-feira, novembro 13, 2014

Tudo ou nada

Hoje cheira-me a tudo,
mas sabe-me a nada.
Quantos tudos há em nada
Quando nado em tudo ?

quarta-feira, março 26, 2014

Escrevo

Escrevo porque Inferno
porque posso ou não
e o quê
sei lá
se me doi
e então
e a sorte dos dias difíceis
e o fluxo da labareda
que me consome por dentro
o vinho tinto numa garrafa
o meu iate no mosto
e o frágil fogo sempre aceso
que não se corta
mas se abafa

quarta-feira, setembro 21, 2011

sou um adulto
ando sozinho nas ruas
tambem tenho um carro
trabalho
compro o que quero com o meu dinheiro
tenho uma casa
faço a minha comida
e como o que quero
tenho roupas fixes
falo de coisas importantes com amigos
e faço aquela cara compreensiva de quem tem em si todo o potencial para mudar o mundo

sou um adulto
e aprendi que nesta vida
o importante é estar agradecido
obrigado

terça-feira, julho 26, 2011

O jovem poeta vai
abre os seus ouvidos,
atento
ao som entre as palavras
nos becos do pensamento
Luta, compra,
pré-frabrica
processa
altera os seus olhos
até já não serem verdes
aspira ao infinito
até o som do seu poema
ser transgénico

segunda-feira, julho 25, 2011

Há um lugar no choro
onde o riso
se perde no riso
há um lugar
onde o choro se perde é na loucura
que o riso e o choro se confundem

sábado, julho 23, 2011

torto
ainda sufocado
arfando agarrado
ao pó agregado
que deixa a sua marca
nas veias do pescoço
maltratado
por onde flui a criatividade
bocado
a bocado
visão de terra
e seus mistérios
à qual nos agarrámos
qual barco naufragado
sente agora pois
o cordão umbilical
seu duro apertar
que turva as ideias
e não deixa criar
pois no seu espaço
ouvem-se apenas os duros cascos
raciocínio
paços
a rodopiar

ó homem do futuro
subnutrido
do fruto
da terra
da dádiva divina
grão-poesia
Pára!
escuta as palavras
sente o seu pulsar
telurico

no cando

quinta-feira, julho 21, 2011

o som do progresso
vibra como um trompete
suave quase
exausto
dança no baloiço
ritmado do tempo
da morte do homem-máquina
homem-sorriso pelo seu fim
que se ri no crescendo
prol tecnologia prol natureza
o seu grito entra nos timpanos
a criatividade acelera
morre! morre!
e a seu tempo és tu
a sua bala imparável
que te fura os miolos
e pinta esta parede
poesia

quinta-feira, julho 14, 2011

eu sei lá
é uma nota solta de uma guitarra
um bordão que soa
e a vida que canta
as vezes que nos esquecemos
de sermos mais crianças

segunda-feira, maio 16, 2011

quis eu dizer:
vivemos paralisia
tanta escolha pra fazer
neste corpo incendiado
de músculo e húmus
da terra
que Chorou e Sorriu
largou uma lágrima
e uma gargalhada
que em nós espargiu
este sopro
que agora bate
e pouco quer saber
da terra

Já te sentaste ao largo da linha de comboio à espera que este passe ?
nessa espera já sentiste o sol a queimar a pele que de tanto te protege ?
nesse instante sentiste o tempo a parar ?
senta-te, sente-te, e colhe o sopro que passa
à medida que passa
o comboio na linha
põe-te de pé
sacode o pó
enquanto podes
deixa de mentir
anda, ama
-te
pouca-terra
pouca-terra
pouca-terra

terça-feira, maio 03, 2011

Não é fácil ser produtor de vinho
e cheirar o mosto pela manhã
para ter de o beber
matinalmente
vagando pipas húmidas
de sumo pisado
para dentro deste odre
um dia mais velho
até um dia
finalmente

sábado, janeiro 08, 2011

Soube que disseste
que gostavas de caminhos
e que caminhavas queimando
fogos de outrora
a arte da luz,
fotografia,
a luz
de agora
e um amor
que sinto no teu olhar:
esse brilho que queima
neste coração
que palpita em dois dígitos
entre tantos caminhos
até ti, o labirinto
que percorro caminhando
e amando
ferozmente
tu
joana
fotógrafa

quarta-feira, julho 21, 2010

Herberto Helder (sem acento):

Amor,
o fogo que arde sem se ver
é na realidade
uma doença sexualmente transmissível
e é fodido


terça-feira, julho 20, 2010

fujo
mas não me perco
no amor que confronto
damasco,
meu coração
velha cidade onde te encontro
aí bem perto
longe do tempo
em que fujo
e me esqueço que fujo

nós intemporais
quadros que labirintam
olhares que se cruzam
sorrisos que se pintam
o meu
o teu
e o amor
com que nos devíamos salgar

sexta-feira, julho 16, 2010

Eu sou todas as pessoas do mundo
excepto tu
e sou todos os tristes fados
menos um
o meu.
esse
que ninguém canta

a nossa vida

fica cheia de caruncho

quando a seiva do amor

não flui

nos nossos planos

que estalam como madeira seca

quando não os regamos

com sopros de loucura

para que assistamos

ao nosso castelo

minado de aborrecimento

que seco rui

todo

e sem qualquer verniz


o que nos tolda a hesitação

é a sombra de um medo

de que nada perdura

assente no alicerce

eu, tu

sabedoria, loucura


terça-feira, julho 13, 2010
















vamos depressa
foge comigo
para fora daqui
desta hipertrofia
que esmaga
o nosso singular
e
amemo-nos no lugar
que traga
a grande sintonia
que aí
contigo
lentamente encontro

domingo, julho 11, 2010

sentado
com todos os meus dedos enterrados na areia
olho para o mar
inspiro o infinito
parto
à procura de tudo na mesma
para esse lugar
sempre igual
onde tu esperas
indiferentemente
desigual

*suspiro*

sábado, julho 10, 2010

Sou constituído
por 75% de água,
200% de sonhos
e o resto
é mar,
pó da terra,
e um monstro que aí morre afogado

quarta-feira, julho 07, 2010

transmite o teu olhar
o som
dessa brisa que passa
cujo frio clama pelo abrigo de um beijo
e olhamos
Há uma certa latência na nossa comunicação
e beijamo-nos
longe do ruído que nos entope os sentidos
pois aí
longe,
todas as tuas qualidades
despertam em mim
o homem que sou
********************************************

segunda-feira, junho 28, 2010

sou parco
e deito-me aqui à espera que a luz me acorde
aguardando num sonho
meio parado
durmo,
até que o meu cálice transborde
pois quando essa medida vem
anseio leve
levanto-me ofuscado com a vida
deambulo nas suas odes
alimentado pelo perdão
da graça de mais um dia
e reparo que aqui
há cada vez menos de mim
em mim

obrigado

terça-feira, maio 18, 2010

Podia aqui dizer
que esses teus olhos
me prendem vidrado
e com sua beleza profunda
tornam tudo incolor
aqui deste lado.

Podia até escrever
que esses teus lábios
ósculam de prazer
palavras que soltam
pedacinhos de ti
directamente para o meu ser

Podia mesmo cantar
ao ritmo dos teus cabelos
no tom da sua vibração
um tema profundo de mistérios
do fundo do meu coração
Mas não canto
não escrevo,
não digo
pois tudo isto
são assuntos sérios...

sexta-feira, abril 10, 2009


minha saudade
anseia por ti
desejando
os breves momentos
em que esse suave pestanejar
me soltou
me libertou
me privou
do teu brilho
do teu olhar

sábado, março 01, 2008

O transeunte que passa
não sabes quem ele é
és tu
sou eu
é gente conhecida até

O transeunte que passa
tantas voltas já deu
nos sonhos que pisa
as velhas feridas que sofreu

Mora escondido no anonimato
e ainda que alguém lhe ache graça
parte em nuvens de mistério
Oh como é belo
O transeunte que passa



quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Solta, leve, gritante
É a semiótica de meu coração
que reclama sem fim
os retratos da recordação
que despertam em mim
o mais longo suspiro
do mais longo desejo
do mais longo abrigo
no mais longo beijo
molhado de caricias
nesse transbordar que tanto aquece
onde em tantas delícias
até das horas o tempo se esquece


segunda-feira, fevereiro 25, 2008

sobem como algodão
pela pele-de-galinha
arrepiada
os suspiros desta saudade
cândida
e vermelha de paixão
sôfrega das asas
que fazem voar pela manhã
tantas velhas lágrimas
para perto de teu coração



terça-feira, janeiro 22, 2008

Aos poetas:


















100 anos a construir o nosso futuro
e depois nada, e nada muda
pessoa, gedeão, torga, andrade...
palavras emparedadas, o velho muro
coagidas e limitadas
às teias delineadas
nessa grande exploração
de seu perfeito sentido
nos fios da imaginação

cingimo-nos das amarras
com que prendemos as palavras
ao percorrer com originalidade
sempre os velhos trâmites
da insaciável criatividade
que nesta grande infusão
prendendo tantas palavras
nos vai dizendo que nos ama
e lentamente consumindo
a nossa luz,
a nossa chama


sábado, janeiro 05, 2008

Sente-se na

liberdade
um certo travo amargo
de despedida,
pois onde haviam amarras
agora há

liberdade
uma certa humildade
da leveza,
pois onde o fardo pesava
agora há

liberdade
uma certa frescura
de novidade,
pois em tudo velho
agora há

liberdade
um certo suspiro
de descanso,
pois onde havia tensão
agora há

liberdade
uma certa culpa
do adiar
pois onde era inevitável
agora há

liberdade
um certo esguio
de todos os gritos alguma vez libertados
pois onde
agora há

liberdade
muita coisa
ainda por libertar



domingo, junho 17, 2007

Versículo do Livro

"
Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?

Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou.

Então pegaram em pedras para lhe atirarem;"

domingo, maio 27, 2007

por aqui te tenho procurado
e tenho expirado
os vapores da memória
da tua beleza que me desequilibra

por aqui tenho rojado
e tenho inspirado
a velha saudade
desse olhar que resguardo

por aqui tenho fluído
e tenho sentido
a falta do teu sorriso
desse trejeito que me faz viajar

por aqui


quinta-feira, maio 24, 2007

doces momentos,
passam pelas paredes
do túnel do tempo

e rebocam as situações
em que a luz faltou
com belos sentimentos

http://www.youtube.com/watch?v=JUxVUWm2Wv8

quinta-feira, maio 10, 2007

Tua face
porto de belas trocas
onde barcos se carregam
da beleza que transportas

Teus olhos
janelas desse mar
profundo de tranquilidade
onde me perco ao mergulhar

Tua boca
ponte de teu rio
soa a vida e teus poemas
suaves gestos de cicio

Teus cabelos
rasgos de criatividade
exposições de teu pensar
alegórica originalidade

Teus passos
ponderados
com quem se cruzarão ?


quarta-feira, maio 02, 2007

para mares nunca de antes navegados
fluí com a vida
em rios de sentimentos
de rochas carregados

e nos meandros de águas paradas
senti o ritmo de um saxofone solitário
a leve melodia de um amor traçado
as histórias, rochas sedimentadas
coisas velhas de um passado
como leves gotas de água que caem!

vi gesticulares pássaros a dançar
nesse fio de vento
que cobre terra, que cobre o mar
pinturas de sublime imaginação
coisas da vida, belezas da criação
e eu e tu, dispersos a sonhar

ahh meu amor! ...

há entre nós um momento
que transporta uma beleza rara
de simples cumplicidade
é um desejo de amar
por aí a amarar

(não há fotografia para este texto, apenas uma música num vídeo a acompanhar)

domingo, abril 29, 2007

Esse leve escoar de tempo
que nos transporta
pelo longo caminho da liberdade
onde nos cruzamos
nos encontramos
falamos
das coisas que o tempo mudou
o sabor do pão que se altera
e tantas outras maravilhas
que Deus assim criou

conta-me uma história de uma vida
a história da tua vida
pinta-a de simplicidade
veste-a de vitórias
calça-a de humildade
e montemos resistência
forte de luta nessa rocha
porto comum de abrigo
às prisões da rotina
e lutando e resistindo
é resistir é vencer



















liberdade

quinta-feira, abril 26, 2007

minhas linhas grainhas da uva-arte
sumo de vida, amor de te amar
breves exposições, do desejo de expressar
a beleza de outras linhas
que transcendem a minha percepção
velha casa
de madeira que parte


















Mas o que fazer quando o motor do eléctrico deixa de funcionar ?

quinta-feira, abril 19, 2007

esse teu vinho embriagador
levou paredes quando transbordou
encheu-me de silêncio
e de uma paz que me fala
da pequena criança
que me esqueci que sou



vagarosamente eu e tu
preenchendo espaços
alcançando leves derrocadas
apreciando o travo desse paladar
de novos dias
com esse novo madrugar

quinta-feira, abril 05, 2007



















minh'alma
de branco pintada
abriu a porta à morte
quando esta nem se mirava

e caíram pétalas rouge
na superfície do meu corpo
quando flutuava no lamaçal
dessa conhecida morte

agora minh'alma
vazia e desajeitada
paredes rouge
muitas obras
e um fado novo
uma nova sorte

sexta-feira, março 30, 2007

"Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação." Tiago 1:qualquer coisa...




















Hoje: um versículo, uma imagem e algo perfeito. Obrigado paizinho.

quarta-feira, março 28, 2007

Versículo do Livro

"O coração do homem propõe o seu caminho; mas o Senhor lhe dirige os passos."

Provérbios 16:9

terça-feira, março 27, 2007

meus poemas
são mantas de retalhos
velhos quadros de quem pinta
um destino formal à liberdade
de palavras soltas
assim:
eu, grande ditador
poeta de coração
e outra coisa qualquer
de vocação

umas vezes triste e descontente
outras alegre e sorridente
umas vezes pela vida
e falta de perdão
mas hoje tudo
por amor e paixão





































Tive uma ideia: vamos fugir ?

sexta-feira, março 23, 2007




























a voz do poeta
clama
doce e quente
por um amor que tocou
fria e desalmadamente

quem controlará a força das palavras ?
dor que mói
crispação de seu bramido
palavras forçadas
a terem um sentido

a voz do poeta
ditadura
pesada e âncora
amor que cola palavras
suave prisão que perdura

quinta-feira, março 22, 2007

hoje sonhei contigo
meu amor
abraçada a um carnaval
tocamo-nos,
trocamos gestos
e alimentaste-me desses pedacinhos de ti

eu, pombo
todo de madeira
sacio-me com as migalhas que deixas
que me consomem numa chama
que arde sem se ver
e que toca sem se ouvir
a música deste carnaval
onde se parte mais uma corda
desta velha viola que sou
até quando tocarei a música da vida ?


segunda-feira, março 19, 2007

encontro-me
n'O sítio onde nasci
sou o grande Alão
que mata e morre mil
vezes 70 vezes 7 vezes
70 vezes 7 vezes
sem fim...

bucólico, anónimo
nesta terra de montes,
que tantas vezes acarto
que tantas vezes percorro

















de onde me virá o socorro ?

sábado, março 17, 2007

Felicidade

És tão bela e aprazível,
És para nós ambos razão de tristeza

felicidade, um esgar
felicidade, urticante
felicidade, dilacerante

eu feliz,
tu feliz,
eu e tu, infelizes




(hoje quebram-se-me as fotos, deixo porém algum pensar, uma música, e um ligeiro pesar)

A felicidade

sexta-feira, janeiro 19, 2007

















ao ver a tua face
liberta-se um mensageiro
que corre, e pula
entre belas paisagens de prazer
de lagos e cascatas
luas e suas estrelas
para me vir falar
das cores do teu ser
dos brilhos do teu olhar

segunda-feira, dezembro 11, 2006

eu
ido
partido
em sorriso de mil lábios
rir
partir
dividir
dividido
hoje
em português
amanhã
não sei quê
de quê escrever ?

obrigado

terça-feira, dezembro 05, 2006

o apelo de tua voz muda
convida a me esconder
por detrás desse sorriso
onde te refugias desnuda
e choras
mil paixões
feridas e remendos
que ainda sangram
velhas ilusões
















ainda que não dê
és jovem prosadora
muda
tu

domingo, dezembro 03, 2006

Disse o próximo ao seu próximo:
"Porque te encontras tão distante?"

"Porque te esmagas constantemente"
"Com esse peso dilacerante?"

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Versículo do livro

"
Elevo os olhos para os montes, de onde me virá o socorro? O meu socorro vem do Senhor que fez os céus e a terra" Salmos 121:1,2

quinta-feira, novembro 23, 2006


Querem-se lágrimas
de tristezas decantadas
pelos becos e cantos
desta vida redonda
onde me rebolo
até ao precipício mais próximo

terça-feira, agosto 08, 2006

















Como folhas amarelas
queimadas por mais um outono


encontra-se o meu coração
chorando em lágrimas
que pintam o branco
das paredes de papel
em tons de amarelo

amarelo coração
como as beatas
comprimidas nas pedras
do passeio onde passeias
alegre
jovial
tu

mulher


quinta-feira, agosto 03, 2006

Versículo do livro

"Porque os olhos do Senhor estão sobre os justos, e os seus ouvidos atento à sua súplica" I Pedro 3:12
sóbrio de palavras
ébrio de pensamentos
difusão das coisas do momento
nos licores
do tempo
que enferrujam e desvalorizam
o ouro e os rubis
dos lábios de conhecimento















onde pus a chave do agora ?

quarta-feira, agosto 02, 2006

Versículo do livro

"
Mas agora, ó Senhor, tu és nosso Pai; nós somos o barro, e tu o nosso oleiro; e todos nós obra das tuas mãos." Isaías 54:8

terça-feira, agosto 01, 2006

Gosto de berlin

Na cidade rectangular
espetado em seus vértices
morta a cultura
vive a saudade
de um tejo e seus meandros
um fado esquecido
de geometria imperfeita
círculos e esferas
o caos, e suas faluas
mar de lágrimas
praia de rosas



mas prefiro lisboa

sábado, julho 29, 2006

Versículo do livro

"Grande paz têm os que amam a Tua lei; para eles não há tropeço" Salmo 119:165
O cão

Havia um cão naquela mouradia,
sitiado de muralhas
Alão queria
em sua fome exaltar

o reino que caía...


quinta-feira, julho 27, 2006

Versículo do livro

"Então me invocareis e ireis e orareis a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração"
Jeremias 29:12,13
Nestas ruas de paixão,
passeiam-se pessoas
desempregadas de tempo
procurando um rumo
de espírito e ilusão...






















Estou em berlim, sendo no entanto uma foto de lisboa.

sexta-feira, julho 21, 2006

Versículo do livro

"Eis que nas palmas das minhas mãos te tenho gravado: Os teus muros estãos continuamente perante mim" Isaías 49:16
Os monstros

Corre, e ao chegares ao fim do mundo, mesmo à beira do precipício, não hesites, ou eles acabam por te agarrar.






quinta-feira, julho 20, 2006

Versículo do livro

"Deus faz tudo perfeito no seu devido tempo."
Eclesiastes 3:11
Hoje tive a limpar os cantos à casa.

Decidi arrumar muita tralha, e ver-me livre de outra tanta.




Servem o texto e a imagem acima expostos para dizer "vou à luta".